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Reflexões sobre a formação de Intérpretes

  • Cristal Velloso
  • 26 de jan. de 2016
  • 2 min de leitura

Quando uma criança inicia suas atividades em artes plásticas aceitamos o rabisco, a garatuja, os borrões e as formas mal definidas. Deveríamos aceitar também o ruído,a desafinação e a falta de controle quando as crianças iniciam seus estudos em um instrumento.

Temos uma cultura que crê controlar aquilo que se vê, porém música não se vê e assim começa toda nossa dificuldade.

Expressar-se musicalmente não é fácil e entender como isso acontece, ou até mesmo como proporcionar isso ao aluno é um desafio e tanto.

A maioria dos professores se detém no estágio da aplicação dos exercícios de técnica instrumental e nautilização dos sinais de dinâmica. Esse pode ser um começo, porém está muito longe de ser o fim.

Ao contrário das artes plásticas a música acontece de uma forma diferente a cada execução. Isso faz com que o interprete tenha que ter a clareza do que quer expressar. A intenção é que faz do interprete um artista e não a casualidade do momento.

Não é fácil deter a emoção e revisitá-la a cada instantepara que possamos expressar-nos musicalmente , porque dependemos da nossa habilidade no instrumento e paraconquistar essa habilidade o instrumento exige que domemos o nosso espírito, e para isso temos queempreender uma viagem rumo ao auto- conhecimento e aoauto -controle.

Disciplina, perseverança, paciência e curiosidade emperscrutar cada sensação e cada emoção que a música nos apresenta, é fundamental na construção de um bom interprete.

Suscitar o “historiador” , o “sociólogo” e o “antropólogo interno” para entender o contexto histórico, social e etnológico de cada obra e seus compositores. Analisar a ontogenia e a filogenia para compreender e mais tarde construir sua visão estética particular decidindo se será um recriador ou fará uma releitura da obra.

Permitir-se a brincar e imaginar que cheiro , que cor, que gosto, que textura, que imagem aquela música tem.

Todas essas etapas fazem parte da construção do interprete, sem contar com algo que apenas o tempo, a experiência e a maturidade podem revelar.

Na aula de instrumento podemos oferecer momentos que instiguem o aluno a se ver como interprete e artista, sondando o que ele quer ou necessita expressar.

A escolha do repertório é fundamental para despertar tudo isso no aluno devagar e paulatinamente. Uma má escolha pode embotar e desestimular o aluno a fazer a “viagem”.

Definir o que o aluno irá tocar, pensando que a música deve requisitar algo que ele possa dar e reconhecer como sendo seu, deve ser o trabalho do professor.

Avaliar se a competência técnica não frustrará o processo expressivo e prepara-lo para tocar o que ele precisa, mas também o que ele deseja. É um maravilhoso desafio!

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