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Técnica Instrumental

  • Cristal Velloso
  • 26 de jan. de 2016
  • 2 min de leitura

Nos anos 80 eu e Beth Bovo ( professora de artes plásticas) criamos um curso de Iniciação Artística para crianças de 5 e 6 anos na Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Tratava-se de uma introdução às linguagens artísticas onde proporcionávamos experiências em música, dança, teatro, artes plásticas, literatura e cinema.

Certa vez havíamos proposto uma atividade que usava música como estímulo gerador de um desenho. Oferecemos para as crianças anilina colorida e papel sulfite para realizarem o trabalho. Quando fui recolher os desenhos uma das crianças me chamou e perguntou: Professora por que o meu desenho não sai igual ao da minha imaginação? Essa foi a melhor pergunta que um aluno já me fez!

Com aquela atividade ela descobriu a necessidade da técnica, do domínio do instrumento que no caso era a anilina. Conversamos sobre como era importante dominar o material que você escolhe para registrar sua intenção ( no caso dela o desenho que havia imaginado) e que a partir desse domínio ( que vem com conhecimento e treino) você pode ser fiel à “sua imaginação”. Ela entendeu perfeitamente e algumas vezes decidiu ela mesma qual material iria usar para desenhar.

No caso da música, desde a escolha do instrumento à escolha do repertório, decidimos todo o tempo o que fazer para sermos fiéis a nossa necessidade de expressão, mesmo que não o façamos conscientemente. Quando estudamos a técnica pela técnica, o esforço parece sem sentido, sem uma aplicação imediata. Quando estudamos a técnica a serviço da expressão tudo fica mais prazeroso, porque o fazemos para superar um obstáculo que nos impede de tocar o que desejamos da maneira que concebemos.

Precisamos de um estudo técnico para limpar uma passagem que está confusa; para aumentar a velocidade do andamento para tocarmos na velocidade que imaginamos e não só na que conseguimos; para tocar uma peça que exige uma acuidade motora que ainda não conquistamos; para atingir uma qualidade sonora que ainda não temos, etc.

A técnica tem que estar a serviço da expressão, existe para facilitar a vida e não para entediar os estudantes. Muitas vezes crio exercícios específicos para meus alunos baseando-me nas necessidades que as peças que eles devem tocar apresentam.

“Não é um bicho de 7 cabeças”:

1) Separe os trechos com problemas; 2) Organize-os por ordem de dificuldade. ( do mais fácil para o mais difícil); 3) Divida os trechos com problemas em tamanhos menores. Quanto menor o problema , mais fácil de resolver. Divida um problemão em pedaços pequenos e resolva cada um dos pedaços. Junte todas as soluções e no final terá solucionado problemas que nem sabia que teria; 4) Faça tudo em ritmos diferentes e andamentos diferentes. A fórmula mágica é repetir para fixar e variar para não acabar fixando um erro;

5) Por ultimo, depois de ter estudado bastante, caso tenha estacionado, dê uma pausa de uma semana. Quando retomar vai ver que as coisas se acomodaram e o resultado será melhor.

Estudar técnica nada mais é do que encontrar a saída de um labirinto. Se seu aluno entender isso, ele vai adorar jogar esse jogo, porque será um exercício criativo de solução de problemas e não simplesmente uma repetição chata e desprovida de sentido.

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